Like deja vu I feel like I've been here

Esse texto é de 2012 e essa noite eu sonhei com a noite em que esse texto aconteceu.
Esse texto é de 2012 e, de repente, 2012 pareceu o ano que nunca terminou.

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...E enquanto eu estou meio sentada, meio deitada no seu sofá, bebendo cerveja e fingindo que presto atenção em uma partida qualquer de FIFA que os meninos estão jogando percebo que você está me olhando, parado em pé na frente da porta.

Eu paro por um instante ao perceber o seu olhar e você faz um gesto com a cabeça pedindo pra eu me aproximar. Eu levanto e faço sua vontade, sabendo que talvez você tenha as palavras que eu quero ouvir - ou, pelo menos, as que eu preciso.

"Desabafa..."

E eu quase te abraço sem dizer nada, porque eu sei que você ia entender o que eu tava precisando contar só com esse gesto. - Mas não é isso que eu faço. Tem milhares de camadas de coisas acontecendo que impedem o meu abraço. Você sabe isso, eu sei, mas essa é possivelmente uma das poucas coisas que não poderemos conversar tão cedo.

Dou de ombros e sento no chão, no degrau da porta. Você me oferece sua caipirinha e se senta ao meu lado. É o seu jeito de dizer pra eu falar (ou de me fazer falar, tanto faz) e, bem... Você sabe que eu não sei calar a boca.

Você acende um cigarro. Não precisa perguntar se eu me incomodo porque sabe que não - e, do nada começa a chover. "Ué, não tava com cara de chuva..." "Como se o frio não fosse punição suficiente, né?" Lá dentro alguém manda um "CHUPA!" e você solta um "madrugada da depressão: alguém feliz, não somos nós" que me faz rir. E só então eu percebo o óbvio: Não sou a única que tem alguma coisa incomodando.

"Fala..." - eu solto.

"Primeiro as damas" e eu nem discuto e começo a falar, né? Eu sempre falo.

E, inconscientemente, eu fui me chegando e me encostando e me encolhendo... E no final eu já estava com a cabeça no seu ombro enquanto você me abraçava meio desajeitado, segurando o cigarro e a caipirinha com a mão livre.

(A gente sempre acaba assim, né?)

Ai você começou a falar. Não de mim, não sobre o meu problema... Mas sobre o seu. E percebo que o seu problema de repente também é meu de certa forma.

"É foda..." - e eu termino sua caipirinha.

E então eu brinco e dou a solução óbvia pro seu problema - que eu sei que você não vai seguir. E você acaba de rir só pra dizer uma coisa que também daria certo pra mim e que obviamente também não vou poder fazer. Não apenas é foda como nós somos os mais fodidos do mundo.

E ai me dou conta de que MAIS UMA VEZ você está comigo, né? Você sempre está, mesmo sendo desse jeito, mesmo sem ninguém saber... Você sempre está. E como essa situação é injusta e como seria mais fácil se você estivesse efetivamente ao meu lado, se tudo o que eu sentisse fosse o suficiente pra jogar tudo pro ar e ir embora com você. Se a gente conseguisse sentir qualquer coisa que motivasse esse gesto impulsivo... E eu sei que você se sente exatamente assim no momento em que eu sorrio olhando pra você e você diz, também sorrindo e com aquele tom de brincadeira que causou estranhamento no começo e agora eu conheço tão bem, que odeia ser meu amigo.

É a síntese, né? Eu também odeio. MUITO.
E você é simplesmente o melhor amigo do mundo.

Aff.

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